Domingo, 05/06/2011
Os problemas enfrentados pela empresa SR Concursos e Pesquisa Ltda não estão restritos aos candidatos que se inscreveram no polêmico e questionado concurso público na Prefeitura de Ilhéus. A própria prefeitura também surge como vítima da empresa.
Pelo edital apresentado no Pregão Presencial que resultou na vitória da SR, um dos itens que deveriam ser levados em conta para a definição do vencedor seria o valor das inscrições. Uma fonte palaciana revelou ao Jornal Bahia Online que consta uma cláusula no contrato onde define que parte da verba arrecadada seria repassada aos cofres públicos, tomando como parâmetro o valor do desconto estebelecido no contrato.
Pelos cálculos da fonte, considerando o valor médio de 40 reais cobrado pela empresa na taxa de inscrição e o número de inscritos - mais de 18 mil pessoas -, o concurso deve ter rendido algo em torno de 720 mil reais e, deste total, a Prefeitura ficaria com 60 por cento, mais de 420 mil reais. Mas até o momento a empresa, segundo a fonte, não teria repassado nenhum centavo.
O preocupante para os cofres públicos é que esta operação financeira deveria ter sido feita antes mesmo da realização das provas o que, de fato, não ocorreu. A fonte assegura que ao ser procurada recentemente, a empresa reagiu dizendo que não deve absolutamente nada ao governo de Ilhéus.
Por volta das 3 horas da tarde desta sexta, a reportagem do JBO ligou para a sede da SR, localizada no município de Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador. O reporter foi atendido pela secretária da empresa e esta disse que dificilmente o senhor Maurício (um dos sócios) retornaria nesta sexta-feira.
Às 5 da tarde o diretor da empresa retornou a ligação. Na versão apresentada, nem ele deve nada à prefeitura nem a prefeitura deve nada a ele. Perguntado pelo repórter do JBO que dia e que valor ele havia depositado na conta da prefeitura a resposta foi enfática: "Não tenho que dar satisfação do meu dinheiro ao Bahia Online". De imeadito o repórter voltou a questionar: "Não é sobre o dinheiro do senhor. É sobre o dinheiro que, por contrato, pertence ao povo de Ilhéus". Ele respondeu: "Não falo mais sobre isso".
O Jornal Bahia Online apurou que na véspera do concurso, o secretário municipal de Fazenda, Jorge Bahia, chegou a alertar sobre o possível calote durante uma reunião de secretariado promovida pelo prefeito Newton Lima. Mas o governo, para evitar novos desgastes com outros adiamentos, resolveu manter a realização das provas confiando na idoneidade da empresa. Procurado para confirmar a denúncia, o secretário não atendeu a ligação telefônica do repórter do JBO.
"Desculpe, mas não tenho nada a declarar", disse esta tarde o secretário municipal de Administração, Antônio Bezerra. Segundo ele, a sua pasta tem a função de acompanhar apenas as ações do concurso na esfera administrativa. "Os problemas agora existentes são de responsabilidade da empresa. À Prefeitura cabe, após receber o resultado, homologar e convocar os aprovados", completou.
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