Lula, o escudo
Domingo, 29/05/2011
Quando ainda era presidente, Luiz Inácio Lula da Silva cometeu um erro estratégico em relação ao próprio futuro. Deu corda em excesso à versão de que não daria palpites no governo Dilma, de que precisaria "desencarnar" da Presidência, de que se dedicaria a retiros de pescaria.
Era uma forma de amenizar críticas a uma eventual tutela sobre o futuro governo. O jornalista João Santana, marqueteiro da campanha petista, insistia na tese de que era preciso eleitoralmente aproveitar a proximidade com Lula, mas também começar a construção do que seria o governo Dilma --aquela ideia meio esquisita de ocupar o espaço de rainha no imaginário dos brasileiros.
Os elogios ao estilo Dilma (administrativo, sereno, pouco loquaz) duraram até a primeira crise do governo, evento que acontece com todos os governos. De repente, as qualidades viraram defeitos. A política é como ela é. E a imprensa também. Por isso, Lula entrou em campo
Crises precisam ser enfrentadas politicamente. A primeira crise de Dilma veio logo, no seu quinto mês. A primeira de Lula apareceu 14 meses depois, em fevereiro de 2004 (caso Waldomiro).
Registro: Lula e Dilma mantêm encontros frequentes desde quando ela foi eleita. A presidente nunca escondeu que se aconselharia com o antecessor. Daí ser mais do que natural uma parceria.
Kennedy Alencar
Nenhum comentário:
Postar um comentário