É um processo irreversível, diz Carlos Costa sobre a construção do Porto Sul
Em uma entrevista exclusiva concedida no início da noite de sábado (29) ao Jornal Bahia Online, o Secretário estadual da Indústria Naval e Portuária da Bahia, Carlos Costa, disse que os projetos Porto Sul e Ferrovia de Integração Oeste Leste (Fiol) são irreversíveis e que o governo da Bahia reescreve a história de 1808, quando o príncipe regente D. João decretou e promulgou a abertura dos portos brasileiros às nações amigas. "Agora quem faz isso é o governador Wagner, abrindo novos caminhos para os portos baianos", afirmou.
Costa participou da Audiência Pública realizada pelo Ibama para debater com a população regional os impactos que serão causados pela construção do Porto Sul. Mais de 3 mil pessoas participam do evento, cuja previsão de encerramento é a madrugada deste domingo (30). Apesar do clima inicialmente tenso no Centro de Convenções de Ilhéus, a avaliação do governo é de que tudo está transcorrendo dentro da normalidade. O clima "mais quente" já foi "amornado" e os participantes que não deixavam de carregar faixas de protestos e apoio, já começam a mostrar sinais de cansaço.
Se por um lado a construção do Porto Sul divide opiniões houve, no início da audiência, pelo menos uma unanimidade. Políticos citados ou convidados a ocupar a mesa principal foram vaiados pelos presentes. Vozes mais exaltadas no plenário questionavam as informações dos técnicos do governo, enquanto que defensores do projeto falavam em geração de emprego e uma nova oportunidade de desenvolvimento regional.
Somente na primeira etapa de perguntas às autoridades, 150 pessoas estavam inscritas. A Audiência Pública do Porto Sul não atraiu apenas a comunidade regional. Nomes como o do bilionário João Cavalcanti não deixaram o Centro de Convenções em nenhum momento. Empresários brasileiros e até chineses também compareceram à audiência. Para o secretário Carlos Costa é chegado o momento de dizer "sim" ao projeto. Os ambientalistas falam de novas tentativas para embargar a obra. Procuradores federais também deram um tom de ameaça ao empreendimento. "Estaremos de olho em cada passo, em defesa das comunidades", disse um deles.
Agora à noite, uma reportagem no Jornal Nacional, da Rede Globo, mostrou o debate em torno do projeto. Apesar de as pesquisas apontarem que mais de 80 por cento da população estariam apoiando a iniciativa, a reportagem revela que somente "parte da população" aceita o Porto Sul. O projeto que chegou a ser pensando em uma área próxima à empreendimentos da família Marinho e do empresário Guilherme Leal, sócio da Natura, sofreu modificações. Os ambientalistas que acusam a imprensa regional de ser parcial, buscam apoio na grande mídia. Ainda ontem, um dos principais líderes do movimento contrário ao porto foi visto almoçando com a equipe de reportagem da Globo.
Para os ambientalistas mais exaltados, a Audiência Pública teria omitido uma série de problemas enfrentados pela população atingida, fato desmentido pelo governo. "Faremos o projeto acontecer", disse a deputada estadual Ivana Bastos, presidente da Comissão Especial do Complexo Intermodal na Assembléia Legislativa da Bahia. "O Intermodal simboliza a porta do moderno salto sócio-econômico da Bahia", garante a parlamentar.
Deputados como os federais Geraldo Simões e Josias Gomes, ambos com fortes ligações com o sul da Bahia, se posicionaram favoráveis ao empreendimento. Foram vaiados pelos ambientalistas mas não se intimidaram. "Que venha o porto e junto a ele o desenvolvimento, o progresso", disse Simões. Josias lembrou a tese de que o debate público simboliza o modelo democrático de se discutir o futuro da Bahia e do Brasil. Mas foi irônico logo diante das primeiras vaias. "É bom economizarem um pouco a garganta. A audiência está apenas começando", disse aos ambientalistas.
Nos próximos dias o Ibama deve se pronunciar a respeito dos impactos causados pela construção do Porto Sul. De concreto, o que ficou na audiência deste final de semana foi o sentimento de que a democracia é o melhor caminho para a população dizer o que pensa e o que quer. Ponto para ela. É o que mais importa.
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