Maria Luiza Heine/DESATINOS
21 de setembro 2007 11:49 por Roberto Rabat Chame
Categoria:
Falaê
Foi com grande surpresa e satisfação que recebi esta semana, a notícia publicada no Diário de Ilhéus, em que a promotora de Justiça Karina Cherubini “recomendou que o atual prefeito de Ilhéus, Newton Lima, determine a retirada do nome do ex-prefeito, Valderico Luiz dos Reis, de bens públicos”, sob pena de, em caso de descumprimento da recomendação, ser necessário a propositura de uma ação civil pública. A Lei que dá suporte à determinação, é a de n° 8.625/93. Parabéns ao Ministério Público, que tem lutado para que as leis sejam cumpridas. Que bom que temos pessoas que pensam numa cidade melhor para se viver, e agem nesse sentido.
Interessante é que, quando do aniversário da cidade, e da inauguração da praça, ao lado da Rodoviária, aliás, um “arremedo” de praça, pus-me a refletir com meus botões, se esta atitude seria correta; um prefeito sair colocando seu nome, em uma ação explícita de auto-homenagem. E o que dizer do Shopping Popular, que segundo a imprensa, não teve dinheiro, nem dele, nem da prefeitura?
Espero que os fatos ocorridos nos últimos três anos nos sirvam de exemplo. Em primeiro lugar para que a sociedade civil organizada tome as rédeas da ingerência política, em todos os sentidos. É preciso resguardar os valores morais que norteiam a vida em sociedade, e. nem sempre pessoas bem sucedidas estão aptas a nos representar, e o que é pior, a nos governar. O governo deveria estar reservado aos sábios e não aos sabidos (quem pensou isto foi Platão, há vinte e cinco séculos).
Agora a promotora deveria fazer uma vistoria no Palácio Paranaguá, para ver o estado do mobiliário histórico. Com tanto desatino precisamos estar atentos, nós que amamos Ilhéus.
A situação é muito grave, em âmbito nacional. Nesse meio tempo, está sendo veiculada uma propaganda na televisão, nos estimulando a usar um nariz de palhaço. Será que as pessoas não percebem o quanto é séria a situação do comportamento coletivo e corporativo de senadores e deputados? O programa do Jô apresenta, uma vez por semana, algumas senhoras, comentaristas de política, cujos nomes não sei exatamente, neste momento, mas que comentam com muita seriedade sobre o cenário político nacional.
Esta semana uma delas falou a respeito do senador Renan Calheiros, presidente do Congresso Nacional, de forma muito simples, mas, que me deixou bastante reflexiva. A esta altura, já não importa a questão da filha, da empreiteira, nem de qualquer outra coisa ligada ao fato. O que está contando é o seu despudor em manipular seus pares, de forma arrogante, como de um coronel do sertão, daqueles que a gente pensava que só continuasse existindo nas tramas dos romances. E, evidentemente, dos ditos pares que se comportam exatamente como ele quer. Vira tudo angu da mesma panela.
Quanto à votação, se não fosse trágica, seria cômica. Disseram as comentaristas políticas, que ao serem indagados sobre seus votos, 44 senadores afirmaram ter votado pela cassação, quando no painel apareceram bem menos que isso. E ela comentou que eles mentem com a cara mais limpa do mundo. Volto a repetir: o velho Antonio Carlos Magalhães foi “curioso” e violou o painel de votos do senado; para não ser cassado, teve que renunciar. E o senador Aloísio Mercadante afirmou, para todos os ouvintes do Jornal Nacional, que se absteve de votar, porque não tinha provas suficientes. (...)
É assim que o representante de 10 milhões de brasileiros, de paulistas, não dos pobres nordestinos, conduz o seu mandato. Com óleo de peroba.
Um número considerável de prefeitos está sendo afastado do cargo por improbidade administrativa. Eles aprenderam com muita facilidade a burlar a Lei de Responsabilidade Fiscal, pois o que não presta, eles aprendem logo. Mas pelo visto não está dando certo, o Tribunal está de olho.
Aproveito a ocasião para louvar a postura dos vereadores da cidade de Ilhéus. Foram 12 representantes do povo ilheense que se uniram para expressar a vontade de cada um de nós. Como também das entidades que se reúnem na Associação Comercial para discutir os problemas da cidade e que formaram um movimento em sua defesa. São atitudes dignas do nosso aplauso. Continuo afirmando que o comportamento individualista do mundo globalizado é a expressão da mais alta “burrice”. Pensar no coletivo seria a melhor forma de termos um mundo digno de se viver.
Enquanto escrevo esta crônica, corre pela internet uma mensagem, dando conta de que já foi votado, na Câmara dos Deputados, e aprovado, o fim do 13º salário, da licença maternidade. Será que vamos assumir o nariz de palhaço? E perder os direitos conquistados após tantas lutas?
Cada dia tenho mais certeza de a culpa é nossa, só nossa. Os políticos fazem o que querem e bem entendem, porque nós permitimos. É que talvez muitos estejamos sonhando com o momento de ser vidraça, e aí sim, tirar proveito da situação.
mlheine@oi.com.br
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