Fraude de licitação na saúde era "em família" com empresas de marido, mulher e mãe concorrendo. Foi o que revelou o último depoimento na Comissão Especial de Inquérito (CEI) sobre o esquema na Secretaria de Saúde de Ilhéus. O sócio-gerente da empresa MG Transportes, Enzo Martins Guimarães, contou que perdeu a licitação para a empresa que tem como sócios sua mãe e sua esposa, a MG Locadora. Além disso, a empresa que venceu a licitação para locar 19 carros de passeio e uma caminhonete de luxo, 0km, para uso do prefeito Valderico Reis, apresentou endereço fictício em Ilhéus. Os donos da MG Locadora são de Eunápolis, mas informaram que a empresa tinha sede na Avenida Roberto Santos, em Ilhéus. No local indicado existe apenas um terreno baldio. E mais: o telefone informado em documentos como sendo da MG Locadora, que vem faturando alto com os aluguéis de carro para a Secretaria Municipal de Saúde, pertence, na realidade, a uma empresa de Itabuna que tem familiares de Valderico Reis como sócios. Durante o depoimento, o empresário Enzo Martins Guimarães ainda tentou consertar a trapalhada informando que tanto a empresa que venceu a licitação quanto a sua funcionam no mesmo endereço em Eunápolis. As investigações da CEI da Saúde estão confirmando todas as denúncias feitas por A Região desde o início da sucessão de escândalos em Ilhéus. Relatório Com o depoimento do empresário na quarta-feira, 18, a CEI concluiu a primeira etapa das investigações, sendo que o relatório final deve ser votado ainda esta semana. Caso ele seja aprovado, será aberto o processo de cassação do mandato do prefeito Valderico Reis, que ficará sem o cargo caso os vereadores que hoje lhe fazem oposição não mudem de idéia. Para a cassação do mandato do prefeito é necessário o voto de 9 dos 13 vereadores. Hoje, a oposição aposta que tem pelo menos 11 votos, ou seja, dois a mais para encerrar o ciclo de erros sucessivos dos últimos anos. O prefeito vem debochando do trabalho da Câmara de Vereadores e não compareceu a nenhuma das audiências em que seria ouvido. A CEI foi criada com base num relatório apresentado pelo Conselho Municipal de Saúde e divulgado com exclusividade por A Região. O documento apontava fortes indícios de desvios de recursos na Secretaria de Saúde. No relatório do CMS constam possíveis irregularidades que vão desde transações de compras de medicamentos sem qualquer controle de entrada e processos misteriosos de aluguéis de veículos até contratação de empresa de vigilância e aquisição de combustíveis numa transação nebulosa.
AREGIÃO DE 08/09/2007
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