Posted dezembro 12th, 2007 by Roberto Rabat Chame
O dístico Ordem e Progresso, que todos almejamos, é, no entanto, mais uma meta abstrata que uma situação visível em nosso horizonte.
Para realiza-la , há muito o que caminhar. E o primeiro passo é restaurar a credibilidade nas instituições do Estado, que mobilizam esperanças interesses coletivos.
Se a política vai mal, o pai não pode ir bem e isso explica a imensa distância a que estamos do aceno cívico de nosso estandarte oficial, que precisamos, (e vamos) desfraldar em todo o país á a da luta contra a corrupção . Nas eleições, na vida pública.
Para marcar da data – e vincula-la a ato de cidadania ativa – OAB, CNBB e mais 30 entidades da sociedade civil, organizadoras do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, lançam, a partir de Brasília, campanha nacional em defesa da lisura nas eleições-nas eleições e na vida pública como um todo. Sendo, porém as eleições o ponto de partida para o recrutamento dos governantes, servem de emblema a campanha cujo objetivo não é, como alguns equivocadamente pensam, o de estimular denuncismos, mas o de mostrar à população que o modo mais eficaz de sanear a política não é se ausentando dela, mas , ao contrário, assumindo-a por inteiro.
A omissão é a mais predadora forma de ação política. Bertolt Brecht já advertia: o problema dos que não gostam de política é que têm que obedecer aos que gostam. Os corruptos, como se vê, a adoram. A campanha é fruto da crença visceral que temos na eficácia da ação popular. Não compactuamos com idéia de que o povo brasileiro padece de alienação crônica, garantindo assim curso irrestrito a corruptos na política.
Afinal, é uma Lei de iniciativa popular – Lei 9.840, de 199 – 0 mais eficaz instrumento disponível para dar combate à corrupção eleitoral.
Já afastou da política mais de 600 aventureiros – e continuará a afastá-los, sobretudo se a ela se somar à vigilância constante e implacável da sociedade.
O que distancia o povo da política é a corrupção, que começa no processo eleitoral, nas modalidades oblíquas de financiamento e nos compromissos escusos que dali resultam, comprometendo a lisura dos governos e governantes. A essência democrática pervente-se naquelas práticas que, no entanto, podem ser, senão banidas, ao menos reduzidas substancialmente pela ação vigilante da cidadania. Apostamos nisso.
A antecedência de um ano com que iniciamos a campanha tem o objetivo de imprimir-lhe capacidade, fazendo-a chegar a todos os recantos do país, organizando a sociedade, para que se torne fiscal dos próprios interesses. A OAB mobilizará suas 27 seccionais em todo o país, a CNBB milhares de paróquias, assim como as demais entidades de classes integradas à campanha.
O lema que a inspira e conduz á auto-explicável – e deve ser dístico de nossa bandeira, nesta etapa de nosso desenvolvimento histórico e político. É um modo de mostrar a cada um de nós que estamos isentos de responsabilidade no que ai está. Somente após tornar cada eleitor brasileiro ciente do profundo significado dessa frase, teremos o direito de ansiar por ordem e progresso.
Autor: Cezar Brito
Presidente Nacional da OAB. pubic. CB.
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